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Psicanalista | Especialista em escuta clínica e institucional

Série: Saúde Mental nas Empresas

O invisível pesa

Saúde mental no contrato de trabalho: a cláusula invisível

Vera Ribeiro

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Ao assinar um contrato de trabalho, ninguém menciona o que sente.
Acordam-se horários, entregas, responsabilidades, direitos e deveres.

Mas há uma parte desse contrato que nunca é escrita — e ainda assim pesa: o emocional.
E é justamente nele que se constrói (ou destrói) o vínculo.

A psicanálise nos convida a olhar para o que não está no papel, mas se inscreve nas relações.

A cláusula invisível é afetiva

É nela que mora a expectativa de respeito.
É nela que vive o desejo de reconhecimento.
É ela que sofre quando há desrespeito, humilhação, invisibilidade.

Toda empresa tem uma cultura emocional.
Toda relação de trabalho está atravessada por afetos, medos e desejos.
Fingir que isso não existe é manter o vínculo em falso.

O contrato emocional se rompe antes do pedido de demissão

Quando o colaborador se afasta emocionalmente, muitas vezes o vínculo já foi rompido.
O que permanece é a formalidade.
Mas já não há pertencimento, entrega, escuta.

É nesse ponto que o adoecimento começa — e ninguém percebe.

Vínculo emocional saudável é também produtividade sustentável

Empresas que reconhecem o valor da escuta, da confiança e do acolhimento não fazem “favores emocionais”.
Elas fortalecem o próprio contrato formal, porque gente que se sente respeitada trabalha com mais presença.

Não é sobre ser empresa boazinha.
É sobre ser empresa lúcida.

Rever o invisível é reescrever o contrato

A saúde mental precisa ser parte do ambiente de trabalho como algo real, vivo, legítimo.

Não para entrar como cláusula jurídica, mas como prática ética.

Quando a empresa entende que o vínculo não é só técnico, mas humano, ela se posiciona onde poucas conseguem: no território da maturidade.

Quando o cuidado encontra espaço

Se esse tema te atravessou de alguma forma — seja como gestor, colaborador ou profissional de escuta —, que essa reflexão siga contigo.
Que a saúde mental deixe de ser silenciada.
E que o cuidado encontre, cada vez mais, espaço para existir.

No próximo artigo da série, abordaremos especificamente: Quando a empresa escuta, a produtividade responde.

Vera Ribeiro – Psicanalista
Especialista em escuta clínica e institucional.

Psicanalista com mais de 15 anos de experiência em escuta clínica e institucional.

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